28 dezembro 2007

Receita de Ano Novo

Que todos os pés sejam felizes em 2008! Vale a pena ler a "Receita de Ano Novo" de um dos meus poetas preferidos do lado de lá do Atlântico, uns pés mais a sul:


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

26 dezembro 2007

Pé de balanço

Nesta altura do ano (do fim dele...), há quem aproveite para fazer balanços do que correu bem e do que correu menos bem ao longo de 365 dias.
Há muitos pés que poderão precisar de umas frases-ajuda para as reflexões. Felizmente, tenho conhecido verdadeiros filósofos que nos regalam com preciosidades, agora partilhadas:
"Na vida tudo passa. Até a uva passa." (Manel)
"Se o teu passado é uma miséria, o teu futuro para lá caminha. Mete-te na tua vida!" (Horácio)
"Se não morrer de alegria, viverei feliz toda a vida!" (Nino)

23 dezembro 2007

Há dias assim

Hoje foi o dia de eu ir buscar as mais velhas da família para passarem um Natal com pezinho de lã. A primeira, que vive mais perto, passou o caminho a falar de azeitonas e da necessidade que as pessoas têm de construir casas junto umas das outras (os pés humanos são gregários, pois claro!). A segunda, que vive mais longe, passou o caminho a rezar o terço, só fazendo escutar a passagem das contas e os assobios do costume quando se reza.
A música salva! E vim a escutar um CD que já não ouvia há tanto pé de tempo... Para quem quiser ver uma das músicas:

http://br.youtube.com/watch?v=fohk94TTg38

21 dezembro 2007

É Natal??

E porque a época assim o exige, aqui ficam os nossos votos de AMIZADE Natalícia e que em 2008 os nossos pés caminhem por estradas sem grandes pedregulhos.

Sugestão

La Casa Encendida, em Madrid (juntinho à estação de Atocha), tem uma série de actividades interessantes e exposições. Para quem não puder dar um pé de viagem até lá, fica uma visita virtual a uma exposição sobre Andy Warhol:

http://video.alisys.net/cajamadrid/casaencendida/warhol/index.html

20 dezembro 2007

PUTTIN Pessoa do Ano

Mas porque é que será que o Sr. Puttin foi eleito a Pessoa do Ano pela TIME??? Grande surpresa para muita gente, principalmente para aqueles que estavam no rol dos candidatos como Al Gore e J. K. Rowling. Fica aqui um breve excerto retirado da Time:

TIME's Person of the Year is not and never has been an honor. It is not an endorsement. It is not a popularity contest. At its best, it is a clear-eyed recognition of the world as it is and of the most powerful individuals and forces shaping that world—for better or for worse. It is ultimately about leadership—bold, earth-changing leadership. Putin is not a boy scout. He is not a democrat in any way that the West would define it. He is not a paragon of free speech. He stands, above all, for stability—stability before freedom, stability before choice, stability in a country that has hardly seen it for a hundred years. (http://www.time.com/)

19 dezembro 2007

Para aquecer os pés


Contra os pés frios, e porque é Natal, recomendamos as meias do Pai Natal!

18 dezembro 2007

Pés que permaneceram livres de amarras

Há pés revoltados contra o status quo social que os poderosos impõem. Foi o caso do Rei Amador, um escravo são-tomense dono de uns pés sempre em rebelião contra os senhores dos engenhos de açúcar. Quando foi capturado, não lhe salvaram a cabeça nem as mãos, cortadas para servirem de exemplo aos companheiros de lutas. Mas os seus pés permaneceram livres de amarras e correntes.
Para se perceber a importância dos pés nos caminhos da liberdade, leiam o poema de Conceição Lima, "Segunda revolta de Amador":
De novo as nuvens cobrirão o pico,
E os homens marcharão sobre a planície,
De novo como previstas subirão as marés,
Para lavar dos caminhos as folhas mortas,
E os passos perdidos.

14 dezembro 2007

Sugestão


Num destes solarengos dias em Lisboa, conheci o Palácio da Independência, a sede da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.

Apesar do seu ar vetusto, é um sítio a conhecer na capital, quanto mais não seja pelo café acompanhado de um delicioso bolo numa esplanada interior bonitinha.

Fica junto ao Teatro Nacional D. Maria II, para quem quiser ir até lá.

Pé de felicidade assim


Há algum tempo, surgiu neste blog um excerto do diário da minha muito querida e atormentada pintora Frida Kahlo: "para que preciso de pés se tenho asas para voar?".

Ontem, ao ver a Grande Entrevista de Judite de Sousa a Salvador Mendes de Almeida, lembrei-me desta frase, quando ele, tetraplégico desde um acidente de 1998, disse que caminhava de outra maneira.

O seu recente livro, escrito com António Paisana, abre-nos palavras de uma coragem e de uma felicidade maiores do que muitos mundos, do que muitos pés. Talvez aqueles pés que não conseguem ser felizes assim...

09 dezembro 2007

All these things that I've done

When there's nowhere else to run
Is there room for one more son
One more son
If you can hold on
If you can hold on, hold on
I wanna stand up, I wanna let go
You know, you know - no you don't, you don't
I wanna shine on in the hearts of men
I want a meaning from the back of my broken hand

Another head aches, another heart breaks
I am so much older than I can take
And my affection, well it comes and goes
I need direction to perfection, no no no no

Help me out
Yeah, you know you got to help me out
Yeah, oh don't you put me on the blackburner
You know you got to help me out

And when there's nowhere else to run
Is there room for one more son
These changes ain't changing me
The cold-hearted boy I used to be

Yeah, you know you got to help me out
Yeah, oh don't you put me on the blackburner
You know you got to help me out
You're gonna bring yourself down
Yeah, you're gonna bring yourself down
Yeah, you're gonna bring yourself down

I got soul, but I'm not a soldier
I got soul, but I'm not a soldier
...

Yeah, you know you got to help me out
Yeah, oh don't you put me on the blackburner
You know you got to help me out
You're gonna bring yourself down
You're gonna bring yourself down
Yeah, oh don't you put me on the blackburner
Yeah, you're gonna bring yourself down

Over and out, last call for sin
While everyone's lost, the battle is won
With all these things that I've done
All these things that I've done
If you can hold on
If you can hold on


The Killers

07 dezembro 2007

O descanso do guerreiro

in Público

O descanso do guerreiro
Um camponês filipino descansa os pés depois de ter feito 1700 quilómetros entre Sumilao e a entrada do palácio presidencial, na capital, Manila... Foto: Romeo Ranoco/Reuters

06 dezembro 2007

Pezinhos de lã

O primeiro amor chegou com pezinhos de lã.

Não o ouvi nem o vi chegar. Invadiu-me pouco a pouco e morou em mim antes de lançar a sua flecha de Cupido na minha consciência. Antes de eu ter tempo de me aperceber da sua presença. Antes de isolar essa presença como tal, antes de a confessar a mim própria.

Rauda Jamis, Frida Kahlo: Auto-Retrato de uma Mulher