Não vi o documentário "Cuba, uma Odisseia Africana", de Jihan El Tahri. É mais um dos meus "pendurados" à espera de melhores (mais) tempos. Sei que ganhou um prémio no Festival Internacional de Cinema de Luanda, uma excelente iniciativa de Miguel Hurst e de uma boa equipa. É do conhecimento da história e de quem por ela se interessa que alguns países africanos, como Angola, foram decisivos no jogo da Guerra Fria. A bipolarização do mundo, com EUA e URSS à cabeça, marcou uma longa época e implicou que, por exemplo, Kuito Kanavale fosse um dos palcos em que as peças estavam ao rubro dos combates. Ao MPLA e UNITA teremos de juntar Cuba, EUA, África do Sul, em soldados e em armamento. E Jihan El Tahri mostra tudo isso.
Num post assim existe sempre um "mas...". E este mas lê-se na censura a que esse documentário foi sujeito e impedido de ser transmitido em Luanda (concretamente na Universidade Lusíada). E agora roubo palavras ao Soantes (
http://soantes.blogspot.com)
: "Note-se que o filme apresenta uma versão dos acontecimentos (a invasão cubana de Angola) que não coincide com a oficial. A nova ministra da cultura desfez-se num chocante mar de contradições, ameaças e assunção velada de que estamos novamente perante uma ditadura no campo, precisamente, da Cultura. (...). a ministra denuncia-se também, afirmando categoricamente que, "pelas suas características" e "erros históricos", "esse filme NUNCA VAI SER POSTO A CIRCULAR". Para não nos assustarmos consegue juntar uma afirmação dessas ao seu desmentido: "isto não é uma censura", é só "uma forma de contrariar versões erradas da História". Pelo contrário, segundo a ministra, trata-se de uma questão de liberdade: "temos que ter o direito a aceitar essa visão ou não". Mas como podemos exercê-lo sem ver o documentário? Então ela esclarece: "não há intenção de retirar aos angolanos a possibilidade de assistir ao documentário". Como? Se ela mesma diz que não deixará circular o documentário, como podemos vê-lo? A liberdade é só a sua, de nos proibir o acesso à informação e à livre discussão cultural".
De tu querida presencia...