Hoje comemora-se o centenário de Miguel Torga, que nos legou várias cartas, contos, novelas, ensaios, poemas... Para deixarmos aqui a nossa homenagem, copio o poema "Chuva de Estrelas", fenómeno que também marca o dia de hoje:
Chuva de Estrelas
Cadente inquetação no céu florido.
Assim quebra a seráfica harmonia
O barro incandescente que não pára.
Do paternal e constelada vara
Do divino pastor
Fogem massas de luz, ovelhas tresmalhadas.
Nem mesmo Deus, dulcíssimo Senhor,
Consegue auietar no seu amor
As forças da ilusão, manietadas!
P.S.: Eu queria um poema com pés, mas confesso que tive preguiça de procurar...
3 comentários:
«Na verdade, todas as vezes que a visitei, olhei e perscrutei, a ver se conseguia entendê-la, andei sempre à roda, à roda, e sempre à roda da mesma força polarizadora: - a Estrela. (…) Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão.
Gostei :)
Magoei os pés no chão onde nasci.
Cilícios de raivosa hostilidade
Abriram golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude deixar de ser um dia.
Com lágrimas de pasmo e de amargura
Paguei à terra o pão que lhe pedia.
Comprei a consciência de que sou
Homem de trocas com a natureza.
Fera sentada à mesa
Depois de ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada de lírica tristeza,
Carregou.
Miguel Torga
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