12 agosto 2007

Homenagem a Miguel Torga

Hoje comemora-se o centenário de Miguel Torga, que nos legou várias cartas, contos, novelas, ensaios, poemas... Para deixarmos aqui a nossa homenagem, copio o poema "Chuva de Estrelas", fenómeno que também marca o dia de hoje:
Chuva de Estrelas
Cadente inquetação no céu florido.
Assim quebra a seráfica harmonia
O barro incandescente que não pára.
Do paternal e constelada vara
Do divino pastor
Fogem massas de luz, ovelhas tresmalhadas.
Nem mesmo Deus, dulcíssimo Senhor,
Consegue auietar no seu amor
As forças da ilusão, manietadas!
P.S.: Eu queria um poema com pés, mas confesso que tive preguiça de procurar...

3 comentários:

Anónimo disse...

«Na verdade, todas as vezes que a visitei, olhei e perscrutei, a ver se conseguia entendê-la, andei sempre à roda, à roda, e sempre à roda da mesma força polarizadora: - a Estrela. (…) Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão.

Plim disse...

Gostei :)

Anónimo disse...

Magoei os pés no chão onde nasci.
Cilícios de raivosa hostilidade
Abriram golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude deixar de ser um dia.
Com lágrimas de pasmo e de amargura
Paguei à terra o pão que lhe pedia.

Comprei a consciência de que sou
Homem de trocas com a natureza.
Fera sentada à mesa
Depois de ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada de lírica tristeza,
Carregou.

Miguel Torga